Cidade do Vaticano (RV) – O caminho que Jesus indica é o serviço, mas com frequência na Igreja se buscam poder, dinheiro e vaidade. Esta foi a advertência que o Papa Francisco fez na homilia da Missa celebrada na manhã de terça-feira, (17/05), na capela da Casa Santa Marta.
Francisco se inspirou no trecho do Evangelho do dia, em que Jesus ensina a seus discípulos o caminho do serviço, mas eles se perguntam quem era o maior entre eles. Para o Papa, essas tentações mundanas comprometem também hoje o testemunho da Igreja. “Jesus – observou o Papa – fala uma linguagem de humilhação, de morte e de redenção e eles falam uma linguagem de escaladores: quem irá mais alto no poder?”.
Os cristãos devem vencer a tentação de “galgar”
“No caminho que Jesus nos indica, o serviço é a regra. O maior é aquele que serve mais, quem está mais a serviço dos outros, e não aquele que se vangloria, que busca o poder, o dinheiro... a vaidade, o orgulho… Não, esses não são os maiores. E o que aconteceu aqui com os apóstolos, inclusive com a mãe de João e Tiago, é uma história que acontece todos os dias na Igreja, em toda comunidade. ‘Mas entre nós, quem é o maior? Quem comanda?’ As ambições. Em toda comunidade – nas paróquias ou nas instituições – sempre existe esta vontade de galgar, de ter poder".
Também na Primeira Leitura, que propõe o trecho da Carta de São Tiago, se adverte para as paixões pelo poder, para as invejas e os ciúmes que destroem o outro”.
Sujar o outro para comandar
Esta também é a mensagem de hoje para a Igreja, disse Francisco. O mundo fala de quem tem mais poder para comandar, enquanto Jesus afirma que veio ao mundo “para servir”, não “para ser servido”:
“A vaidade, o poder… Como e quando tenho esta vontade mundana de estar com o poder, não de servir, mas de ser servido, não se poupam os meios para conquistá-lo: as fofocas, sujar os outros… A inveja e os ciúmes fazem este caminho e destroem. E isso nós o sabemos, todos. Isso acontece hoje em toda instituição da Igreja: paróquias, colégios, outras instituições, também nos episcopados...todos. A vontade do espírito do mundo, que é espírito de riqueza, vaidade e orgulho”.
“Dois modos de falar”, constatou Francisco: Jesus ensina o serviço e os discípulos discutem sobre quem é o maior entre eles. “Jesus – reiterou o Papa – veio para servir e nos ensinou o caminho na vida cristã: o serviço e a humildade”.
O espírito mundano é inimigo de Deus
“Quando os grandes santos diziam que se sentiam muito pecadores, é porque tinham entendido este espírito do mundo que estava dentro deles, e tinham tantas tentações mundanas”, explicou o Papa. “Nenhum de nós pode dizer: não, eu sou uma pessoa santa, limpa”:
“Todos nós somos tentados por essas coisas, somos tentados a destruir o outro para subir mais. É uma tentação mundana, mas que divide e destrói a Igreja, não é o Espírito de Jesus. É belo, imaginemos a cena: Jesus que diz essas palavras e os discípulos que dizem ‘não, melhor não perguntar muito, vamos avante’, e os discípulos que preferem discutir entre si qual deles será o maior. Nos fará bem pensar nas muitas vezes que nós vimos isso na Igreja e nas muitas vezes que nós fizemos isso, e pedir ao Senhor que nos ilumine, para entender que o amor pelo mundo, isto é, por este espírito mundano, é inimigo de Deus”.
Papa: cristãos trabalhem pela unidade, fofocas dividem
Papa Francisco na missa desta manhã, na Casa Santa Marta - OSS_ROM
12/05/2016 11:37
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Cidade do Vaticano (RV) - Jesus, antes da Paixão, reza pela “unidade dos fiéis, das comunidades cristãs” para que sejam uma só coisa como Ele e o Pai, a fim de que o mundo creia”. Com estas palavras do Evangelho do dia, o Papa Francisco iniciou a homilia da missa celebrada nesta quinta-feira, (12/05), na Casa Santa Marta.
“A unidade das comunidades cristãs, das famílias cristãs são testemunho: são o testemunho do fato de o Pai ter enviado Jesus. Talvez, chegar à unidade numa comunidade cristã, numa paróquia, numa diocese, numa instituição cristã e numa família cristã, seja uma das coisas mais difíceis. A nossa história, a história da Igreja, nos envergonha muitas vezes, pois provocamos guerra contra os nossos irmãos cristãos! Pensemos numa, na Guerra dos Trinta Anos.”
Onde “os cristãos incitam guerra entre eles”, afirma o Papa Francisco, ali “não há testemunho”:
Pedir perdão
“Devemos pedir perdão ao Senhor por esta história! Uma história muitas vezes de divisões, não somente no passado, mas também hoje! O mundo vê que estamos divididos e diz: ‘Mas que entrem num acordo, depois vamos ver. Jesus ressuscitou e está vivo e estes seus discípulos não estão de acordo? Uma vez, um cristão católico disse a outro cristão do Oriente, também católico: ‘O meu Cristo ressuscita depois de amanhã. E o seu quando ressuscita?’ Não somos unidos nem mesmo na Páscoa! Isso no mundo inteiro, e o mundo não crê”.
“Foi a inveja do diabo”, explicou o Papa, que fez entrar o pecado no mundo”: assim, também nas comunidades cristãs “é quase habitual” que haja egoísmo, ciúmes, invejas e divisões. Isto leva a falar mal um do outro. Falamos muito mal dos outros! Na Argentina, estas pessoas são chamadas de fofoqueiras: semeiam discórdia, dividem. E ali as divisões começam com a língua, por causa da inveja, ciúmes e também fechamento!
"Moder a língua"
A língua é capaz de destruir uma família, uma comunidade, uma sociedade. É capaz de semear ódio e guerras”, disse o Papa. Ao invés de procurar esclarecer, “é mais cômodo falar mal” e destruir “a fama do outro”. O Papa citou a anedota conhecida de São Filipe Neri que, a uma mulher que tinha falado mal, deu como penitência depenar uma galinha e espalhar suas penas pelo bairro para depois recolhê-las. “Mas não é possível!”, exclamou a mulher. Assim, é o falar mal:
“O falar mal é assim: suja o outro. Aquele que fala mal, suja! Destrói! Destrói a fama, destrói a vida e muitas vezes, várias vezes!, sem motivo contra a verdade. Jesus rezou por nós, por todos nós que estamos aqui e por nossas comunidades, por nossas paróquias, por nossas dioceses: ‘Que sejam um’.
Peçamos ao Senhor que nos dê a graça, pois a força do diabo, do pecado que nos impulsiona a criar desunião, é muito grande. Que Ele nos dê a graça, que nos dê o dom. Qual é o dom que faz a unidade? O Espírito Santo! Que Ele nos dê este dom que cria harmonia, porque Ele é a harmonia, a alegria em nossas comunidades. Que Ele nos dê a paz, porém com a unidade. Peçamos a graça da unidade para todos os cristãos, a grande graça e a pequena graça de todos os dias para as nossas comunidades, as nossas famílias, e a graça de morder a língua!”
Francisco encoraja jovens a viverem a vida pelo Evangelho
Francisco durante a homilia desta manhã - OSS_ROM
Cidade do Vaticano (RV) – O Papa iniciou suas atividades esta terça-feira,(10/05), celebrando a missa na capela de sua residência, a Casa Santa Marta.
A homilia de Francisco foi inspirada no trecho dos Atos dos Apóstolos que narra a despedida de Paulo da comunidade de Mileto. Trata-se de uma cena emocionante: Paulo sabe, e o diz, que não verá mais aquela comunidade, os presbíteros de Éfeso que mandou chamar e agora estão ao seu redor. Chegou a hora de partir para Jerusalém, é ali que o Espírito o conduz, o mesmo Espírito do qual reconhece o absoluto senhorio sobre sua vida, que sempre o impulsionou ao anúncio do Evangelho, enfrentando problemas e penas. “Creio que este trecho nos evoque a vida dos nossos missionários de todas as épocas”, observou o Papa.
“Partiam obrigados pelo Espírito Santo: uma vocação! E quando, nesses lugares, vamos ao cemitério e vemos suas lápides: muitos morreram jovens, com menos de 40 anos. Porque não estavam preparados para suportar as doenças locais. Deram a vida jovens: ‘gastaram’ a vida. Eu penso que eles, naquele último momento, longe de sua pátria, de sua família, de seus caros, tenham dito: ‘O que eu fiz valeu a pena!’”
Missionários, glória da Igreja
“O missionário parte sem saber o que lhe espera”, insistiu o Papa, que cita a despedida da vida de São Francisco Xavier narrado por José María Pemàn, escritor e poeta espanhol de 1900. Uma página que evoca aquela de S. Paulo, que disse em seu discurso de despedida: “Sei apenas que, de cidade em cidade, o Espírito Santo me adverte, dizendo que me aguardam cadeias e tribulações”. “O missionário sabe que a vida não será fácil, mas prossegue”, comentou o Papa, que se emociona ao pensar nos apóstolos de hoje:
“Os nossos missionários, esses heróis da evangelização dos nossos tempos. A Europa que encheu de missionários outros continentes… E esses partiam sem voltar… Creio que seja justo agradecer ao Senhor por seu testemunho. É justo que nós nos alegremos por ter esses missionários, que são testemunhas verdadeiras. Eu penso em como foi o último momento deles: como pode ter sido a despedida? Como Xavier: “Deixei tudo, mas valeu a pena!”. Anônimos, foram embora. Outros mártires, isto é, oferecendo a vida pelo Evangelho. Esses missionários são a nossa glória! A glória da nossa Igreja!”.
Jovens, “gastem” a vida por causas nobres
Portanto, uma qualidade do missionário é a “docilidade”, afirmou Francisco, que concluiu com uma oração: no lugar da ‘insatisfação’ que captura os “nossos jovens de hoje”, que a voz do Espírito “os obrigue a ir além, a ‘gastar’ a vida por causas nobres”:
“Gostaria de dizer aos jovens de hoje que não se sentem à vontade – ‘mas, não estou muito feliz com esta cultura do consumismo, do narcisismo…’: ‘Mas olhem o horizonte! Olhem para lá, olhem para esses nossos missionários!’. Pedir ao Espírito que os obrigue a ir para longe, a ‘gastar’ a vida. É uma palavra um pouco dura, mas a vida vale a pena ser vivida. Mas para vivê-la bem, ‘gastá-la’ no serviço, no anúncio, e ir avante. Esta é a alegria do anúncio do Evangelho”.
Papa: Jesus é o caminho, mas muitos cristãos são teimosos
Francisco durante a homilia - OSS_ROM
Cidade do Vaticano (RV) – Jesus é o caminho justo da vida cristã e é importante verificar constantemente se o estamos seguindo com coerência ou se a experiência de fé foi perdida ou interrompida ao longo do caminho. Este foi o centro da reflexão feita pelo Papa na missa da manhã desta terça-feira, (03/05), na Casa Santa Marta.
A vida da fé é um caminho e ao longo dele se encontram vários tipos de cristãos. O Papa fez uma breve lista deles: cristãos-múmias, cristãos errantes, cristãos teimosos, cristãos meio-termo – aqueles que se encantam diante de um belo panorama e ficam parados. Gente que por uma ou outra razão se esqueceu que o único caminho justo – como recorda o Evangelho do dia – é Jesus, que confirma a Tomé: “Eu sou o caminho, quem me viu, viu o Pai”.
“Múmias espirituais”
Francisco examinou cada uma destas tipologias de cristãos confusos, começando antes de tudo pelo cristão que ‘não caminha’, que dá a ideia de ser um pouco ‘embalsamado’:
“Um cristão que não caminha, que não percorre a estrada, é um cristão um pouco ‘paganizado’: fica ali, parado, não vai avante na vida cristã, não faz florescer as bem-aventuranças em sua vida, não faz obras de misericórdia... É estático. Desculpem-me a palavra, mas é como se fosse uma ‘múmia’, uma ‘múmia espiritual’. Parados... Não fazem mal, mas não fazem bem”.
Os teimosos e os errantes
Eis então que surge o cristão obstinado. Quando se caminha – explicou Francisco – pode-se errar a estrada, mas isso não é o pior. Para o Papa, “a tragédia é ser teimosos e dizer ‘este é o caminho’ e não deixar que a voz do Senhor nos diga ‘volte atrás e retome o caminho certo’. E depois, existe a quarta categoria, a dos cristãos que caminham, mas não sabem para onde vão”.
“São errantes na vida cristã, vagantes. A vida deles é vagar, aqui e ali, e perdem assim a beleza de se aproximar de Jesus na vida de Jesus. Perdem o caminho porque vagam e, muitas vezes, esse vagar, vagar errante, os levam a uma vida sem saída: o muito vagar se transforma em labirinto e depois não sabem sair. Perderam o chamado de Jesus. Não têm bússola para sair e vagam; procuram. Há outros que no caminho são seduzidos por uma beleza, por algo e param na metade do caminho, fascinados por aquilo que veem, por aquela ideia, por aquela proposta, por aquela paisagem … E param! A vida cristã não é um fascínio: é uma verdade! É Jesus Cristo!”.
O momento das perguntas
Observando o quadro, refletiu Francisco, podemos nos questionar. Como vai o “caminho cristão que iniciei no Batismo? Está parado? Errei o caminho? Vago continuamente e não sei aonde ir espiritualmente? Paro diante das coisas que gosto: a mundanidade, a vaidade” ou vou “sempre adiante”, tornando “concretas as Bem-aventuranças e as Obras de misericórdia?”. Porque “o caminho de Jesus – concluiu – é tão cheio de consolações, de glória e também de cruzes. Mas sempre com paz na alma”:
“Esta é a nossa pergunta do dia, façamo-la, cinco minutinhos … Como eu sou neste caminho cristão? Parado, errante, vagando, parando diante das coisas de que gosto ou diante de Jesus ‘Eu sou o caminho’? E peçamos ao Espírito Santo que nos ensine a caminhar bem, sempre! E quando nos cansarmos, façamos uma pequena pausa e avante. Peçamos esta graça”.
(bf/cm)
Papa: "Cristãos caminhem na luz. Não à vida dupla"
Francisco durante a celebração matutina
Em sua homilia, o Pontífice comentou o trecho da Carta de São João, em que o Apóstolo coloca os fiéis diante da responsabilidade de não ter uma vida dupla: luz de fachada e trevas no coração. A vida do cristão é ser límpidos como Deus e sem pecado, porque não há erro reconhecido que não atraía a ternura e o perdão do Pai.
Caminhar na luz
“Se dizemos que não temos pecado, fazemos de Deus um mentiroso”, afirmou Francisco, ressaltando a eterna luta do homem contra o pecado e pela graça:
“Se você diz que está em comunhão com o Senhor, então caminhe na luz. Mas vida dupla, não! Isso não! Aquela mentira que nós estamos tão acostumados a ver, e também a cair, não? Dizer uma coisa e fazer outra. Sempre a tentação… A mentira nós sabemos de onde vem: Na Bíblia, Jesus chama o diabo de ‘pai da mentira, o mentiroso. E por isso, com tanta doçura, com tanta mansidão, este avô diz à Igreja ‘adolescente’: ‘Não seja mentirosa! Você está em comunhão com Deus, então caminha na luz. Faça obras de luz, não dizer uma coisa e fazer outra, não faça uma vida dupla”
Maior do que nossos pecados
“Meus Filhos” é o início da carta de São João: esta introdução carinhosa – com o tom que um avô usa com seus netos mais jovens – reflete a doçura das palavras do Evangelho do dia, quando Jesus define como “leve” o seu fardo e promete descanso aos fadigados e oprimidos. Do mesmo modo, o apelo de João – afirma Francisco – é para não pecar, “mas se alguém o fez, não se desencoraje”,
“Temos um Paráclito, uma palavra, um advogado, um defensor junto ao Pai: é Jesus Cristo, o Justo. Ele nos dá a graça. A gente tem vontade de dizer ao avô, que nos aconselha assim: “Mas não é muito feio ter pecados?. Não, o pecado é feio! Mas se você pecou, olha, estão te esperando para te perdoar! Sempre! Porque Ele – o Senhor – é maior do que os nossos pecados”.
Transparentes e na verdade
Esta – conclui Francisco – “é a misericórdia de Deus, a grandeza de Deu”. Ele sabe que “não somos nada, que somente Dele vem a força, e assim, sempre nos espera”:
“Caminhemos na luz, porque Deus é luz. Não caminhar com um pé na luz e outro nas trevas. Não seja mentiroso. E outra: todos pecamos, ninguém pode dizer: “Este é um pecador, esta é uma pecadora. Eu, graças a Deus, sou justo”. Não, somente um é o Justo, aquele que pagou por nós. E se alguém peca, Ele espera, nos perdoa, porque é misericordioso e sabe que somos plasmados, recorda que nós somos pó. Que a alegria que esta Leitura nos dá nos leve avante na simplicidade e na transparência da vida cristã, principalmente quando nos dirigimos ao Senhor, com a verdade”.
Papa: cristão não pode calar o anúncio de Jesus
Sexta-feira, 22 de abril. Missa presidida pelo Papa - OSS_ROM
Cidade do Vaticano (RV) - Anúncio, intercessão, esperança. É o trinômio sobre o qual o Papa Francisco meditou na manhã desta sexta-feira (22/04) em sua homilia. O Pontífice ressaltou a figura do cristão como uma pessoa de esperança, “porque espera que o Senhor retorne”, e exortou também a termos coragem para anunciar, como os Apóstolos, que testemunharam a Ressurreição de Jesus, arriscando a vida
Três dimensões da vida cristã: anúncio, intercessão e esperança”. O Papa se inspirou nas leituras do dia para refletir sobre este trinômio que deve marcar a vida de quem crê. O coração do anúncio, para os cristãos, é que Jesus morreu e ressuscitou por nós, por nossa salvação.
Anunciar Jesus a custo de dar a vida, como faziam os Apóstolos
“Jesus está vivo! Este – recordou – é o anúncio dos Apóstolos ais judeus e pagãos de seu tempo, e que foi testemunhado também com a sua vida, com o seu sangue”.
“Quando João e Pedro foram levados ao Sinédrio, depois da cura do paralítico, e os sacerdotes os proibiram de falar do nome de Jesus, da Ressurreição; eles, com toda a coragem e a simplicidade diziam: ‘Não podemos nos calar sobre o que vimos e ouvimos, o anúncio. E nós, cristãos pela fé, temos o Espírito Santo dentro de nós, que nos faz ver e escutar a verdade sobre Jesus, que morreu por nossos pecados e ressuscitou. Este é o anúncio da vida cristã: Cristo é vivo! Cristo ressuscitou e está entre nós na comunidade, nos acompanha no caminho”.
Muitas vezes, comentou, “fadigamos em receber este anúncio, mas Cristo ressuscitado é uma realidade e é necessário dar testemunho disso”, como afirma João.
Jesus intercede por nós mostrando as Suas chagas ao Pai
Depois da dimensão do anúncio, Francisco dirigiu seu pensamento à intercessão. Durante a Ceia da Quinta-feira Santa, afirmou, os Apóstolos estavam tristes e Jesus lhes diz: “Não se perturbe o vosso coração. Tendes fé. Na casa de meu Pai há muitas moradas. Vou preparar um lugar para vós”:
“Que isso quer dizer? Como Jesus prepara o lugar? Com a sua oração por cada um de nós. Jesus reza por nós e esta é a intercessão. Jesus trabalha neste momento com a sua oração por nós. Assim como disse a Pedro uma vez, “Pedro rezei por ti’, antes da Paixão, também agora Jesus é o intercessor entre o Pai e nós”.
Jesus é realmente a nossa esperança?
E como Jesus reza?, questionou Francisco, que responde: “Eu acredito que Jesus faça ver as chagas ao Pai, porque ele as levou consigo depois da Ressurreição: mostra as chagas ao Pai e nomeia cada um de nós”. Esta é a oração de Cristo, acrescentou. “Neste momento, Jesus intercede por nós: é a intercessão”. Por fim, o Papa falou da terceira dimensão do cristão: a esperança. “O cristão – disse ele – é uma mulher e um homem de esperança, que espera a volta do Senhor”. Toda a Igreja, prosseguiu, “aguarda a vinda de Jesus: Ele voltará. E esta é a esperança cristã”:
“Podemos nos perguntar, cada um de nós: como é o anúncio na minha vida? Como é a minha relação com Jesus que intercede por mim? E como é a minha esperança? Acredito realmente que o Senhor ressuscitou? Acredito que o Pai reza por mim? Toda vez que o chamo, Ele está rezando por mim, intercede. Acredito realmente que o Senhor voltará, virá? Nos fará bem perguntar isso sobre a nossa fé: acredito no anúncio? Acredito na intercessão? Sou um homem ou uma mulher de esperança?”
Papa na Audiência: distinguir entre pecado e pecador
Francisco durante a Audiência geral - AFP
Cidade do Vaticano (RV) – Quarta-feira é dia de Audiência Geral no Vaticano. O Papa Francisco recebeu milhares de fiéis e peregrinos na Praça S. Pedro e, antes de sua catequese, os saudou a bordo do seu papamóvel. Do Brasil, havia inúmeros membros da Comunidade Obra de Maria.
Neste Ano Jubilar, o Pontífice tem feito suas catequeses sobre o tema da misericórdia. Nesta quarta, ele comentou o trecho bíblico lido no início da Audiência, extraído do Evangelho de Lucas. Trata-se do episódio da mulher pecadora que chorou seus pecados aos pés de Jesus, quando Ele Se encontrava à mesa na casa de um fariseu chamado Simão.
Este, embora tenha convidado Jesus, não quer comprometer nem arriscar a reputação com o Mestre, enquanto a mulher se confia plenamente a Jesus com amor e veneração. Esta atitude é típica de um certo modo de entender a religião, explicou Francisco, e è motivada pelo fato de que Deus e o pecador se opõem radicalmente. Mas a Palavra de Deus nos ensina a distinguir entre o pecado e o pecador
“Entre o comportamento do fariseu e o da pecadora, o Senhor escolhe a mulher. Livre de preconceitos que impeçam a misericórdia de se expressar, o Mestre deixa que ela faça o que lhe diz o coração: Ele Se deixa tocar por ela, sem medo de ser contaminado. Jesus é livre, porque está próximo de Deus. E esta proximidade ao Pai Misericordioso, dá a Cristo a liberdade”, acrescentou.
Dirigindo-Se à mulher, Jesus diz: “Os teus pecados estão perdoados”. Assim, acaba com aquela condição de isolamento a que pecadora foi condenada pelos juízos de Simão e os fariseus. Francisco explicou:
“De um lado, está a hipocrisia dos doutores da lei. De outro, a sinceridade, a humildade e a fé da mulher. Todos somos pecadores, mas muitas vezes caímos na tentação da hipocrisia, de acreditar que somos melhores que os outros. Todos devemos olhar os nossos pecados, as nossas caídas, os nossos erros. E olhemos para o Senhor. Esta é a linha da salvação entre o pecador e o Senhor. Se me sinto justo, esta relação de salvação não existe.”
Agora, a mulher pode ir “em paz”, pois o Senhor viu a sinceridade da sua fé e da sua conversão. Em Jesus, habita a força da misericórdia de Deus, capaz de transformar os corações. Neste texto, prosseguiu o Papa, o termo “graça” é praticamente sinônimo de misericórdia, e vai além da nossa expectativa. E concluiu:
“Queridos irmãos, devemos agradecer ao Senhor pelo seu amor tão grande e imerecido! Deixemos que o amor de Cristo se espalhe sobre nós” e, assim, poderemos “comunicar aos outros a misericórdia do Senhor”.
Equador e Chernobyl
Ao final da catequese, o Pontífice se dirigiu aos fiéis para saudá-los. Em espanhol, manifestou sua proximidade e oração à população do Equador, que vivem "um momento de dor" depois do terromoto que devastou o país. Francisco saudou também um grupo oriundo da Ucrânia e de Belarus, presente na Praça para recordar os 30 anos da tragédia de Chernobyl. “Enquanto renovamos a oração pelas vítimas daquele desastre, expressamos nosso reconhecimento aos socorredores e por todas as iniciativas com as quais se buscou aliviar os sofrimentos e os danos", disse.
Coleta em prol da Ucrânia
Francisco renovou ainda seu apelo pela Ucrânia, recordando a coleta programada para o próximo domingo, (24/04), em todas as Igrejas na Europa em prol da população.
“A população da Ucrânia sofre há muito tempo pelas consequências de um conflito armado, esquecido por muitas pessoas. Como sabem, convidei a Igreja na Europa a apoiar a iniciativa convocada por mim para ir ao encontro desta emergência humanitária. Agradeço antecipadamente aos que contribuirão generosamente a esta iniciativa.”
Papa convidou fiéis a abrirem o coração a Jesus; cristãos que não fazem isso vivem como órfãos
Da Redação, com Rádio Vaticano
Papa Francisco pede aos fiéis que abram o coração a Deus / Foto: Reprodução CTV
“Um cristão que não se deixa atrair pelo Pai é um cristão que vive como um órfão”, afirmou o Papa Francisco, na homilia desta terça-feira, 19, na capela da Casa Santa Marta. O Santo Padre começou a reflexão partindo da pergunta que os judeus fazem a Jesus, contida no Evangelho do dia: “És tu o Messias?”.
Essa pergunta, que escribas e fariseus repetirão várias vezes, observou Francisco, nasce de um coração cego. Uma cegueira de fé que o próprio Jesus explica: “Vós não acreditais, porque não sois das minhas ovelhas”. Fazer parte do rebanho de Deus é uma graça, mas é necessário um coração disponível.
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“’As minhas ovelhas escutam a minha voz, eu as conheço e elas me seguem. Eu dou-lhes a vida eterna e elas jamais se perderão. E ninguém vai arrancá-las de minha mão’. Essas ovelhas estudaram para seguir Jesus e depois acreditaram? Não. ‘Meu Pai, que me deu estas ovelhas, é maior que todos’. É propriamente o Pai que dá as ovelhas ao pasto. É o Pai que atrai os corações para Jesus”.
Como órfãos
A dureza de coração de escribas e fariseus, que veem as obras realizadas por Jesus, mas se negam a reconhecer n’Ele o Messias, é um drama que vai adiante até o Calvário, explicou o Papa. Ou melhor, prossegue inclusive depois da Ressurreição, quando sugerem aos soldados que vigiavam o sepulcro para que digam que estavam dormindo e, assim, atribuir aos discípulos o roubo do corpo de Cristo. Nem mesmo o testemunho de quem assistiu à Ressurreição os fez mudar de ideia. “São órfãos”, reiterou Francisco, porque renegaram o seu Pai.
“Esses doutores da lei tinham o coração fechado, sentiam-se donos de si mesmos e, na realidade, eram órfãos, porque não tinham uma relação com o Pai. Falavam, sim, de seus pais – o nosso pai Abraão, os Patriarcas… – falavam, mas como figuras distantes. Em seus corações, eram órfãos, viviam no estado de órfãos, em condições de órfãos, e preferiam isso a deixar-se atrair pelo Pai. Esse é o drama do coração fechado dessas pessoas”.
“Atrai-me para Jesus”
Francisco enfatizou a importância de se deixar atrair por Deus ao recordar a Primeira Leitura: muitos pagãos se abriam à fé em Cristo graças à pregação dos discípulos. Eles levaram a Palavra até a Fenícia, Chipre e Antioquia onde, num primeiro momento, também tiveram medo, mas o coração aberto os guiou. Um coração como aquele de Barnabé que, enviado a Antioquia, não se escandaliza com a conversão dos pagãos, porque aceitou a novidade, deixou-se atrair pelo Pai, por Cristo.
“Jesus nos convida a sermos seus discípulos, mas, para sê-lo, devemos nos deixar atrair pelo Pai em direção a Ele. E a oração humilde do filho, que podemos fazer é: ‘Pai, atrai-me para Jesus; Pai, faz-me conhecer Jesus’, e o Pai enviará o Espírito para nos abrir o coração e nos levar até Jesus. Um cristão que não se deixa atrair pelo Pai, para Jesus, é um cristão que vive em condição de órfão; e nós temos um Pai, não somos órfãos.”
A oração faz milagres e impede que o coração endureça, esquecendo a piedade: foi o que disse o Papa Francisco na homilia da missa celebrada na Casa Santa Marta na manhã de terça-feira (12/01).
Podemos ser pessoas de fé e perder o sentido da piedade sob as cinzas dos juízo, das infinitas críticas. Este é o sentido da narração comentada pelo Papa. Os protagonistas são Ana – mulher angustiada com a própria esterilidade, que suplica a Deus o dom de um filho – e um sacerdote, Eli, que a observa distraidamente de longe, sentado numa cadeira do templo. A cena descrita no livro de Samuel relata primeiro as palavras de Ana e, depois, os pensamentos do sacerdote, que não conseguindo ouvir o que ela diz, sentencia de que se trata de uma “bêbada”. Mas, ao invés, aquele choro copioso faz com que Deus realize o milagre suplicado:
“Ana rezava em seu coração e somente os lábios se moviam, mas não se escutava a voz. Esta é a coragem de uma mulher de fé que, com a sua dor, com as suas lágrimas, pede a graça ao Senhor. Tantas mulheres corajosas são assim na Igreja, muitas! Que rezam como se fosse uma aposta…. Pensemos somente numa grande mulher, Santa Mônica, que com as suas lágrimas conseguiu obter a graça da conversão do seu filho, Santo Agostinho. Existem muitas mulheres assim”.
Eli, o sacerdote, é ”um pobre homem” pelo qual, admite Francisco, sinto uma “certa simpatia” porque “também vejo em mim defeitos que me aproximam dele e me fazem entende-lo melhor”. “Com quanta facilidade – afirma o Papa – nós julgamos as pessoas, com quanta facilidade não temos respeito e dizemos ‘O que terá em seu coração?’ Não sei… mas não digo nada…”. Quando “falta piedade no coração, sempre se pensa mal” e não se entende aqueles que rezam “com dor e angústia” e “confiam a dor e a angústia ao Senhor”:
“Jesus conheceu esta oração no Jardim das Oliveiras, quando eram tamanhas a dor e a angústia que Jesus suou sangue e não repreendeu o Pai: “Pai, se quiser, tire-me isto, mas seja feita a sua vontade”. E Jesus respondeu do mesmo jeito que a mulher: com a mansidão. Às vezes, nós rezamos, pedimos ao Senhor, mas muitas vezes não sabemos chegar à luta com o Senhor, às lágrimas, a pedir, a pedir a graça”.
O Papa lembra ainda a história do homem de Buenos Aires que, com a filha de 9 anos hospitalizada em fins de vida, ia a Virgem de Lujàn e passou a noite grudado nos portões do Santuário para pedir a graça da cura para a menina. E na manhã seguinte, ao voltar ao hospital, encontrou a filha curada:
“A oração faz milagres, faz milagres também para os cristãos, sejam leigos, como sacerdotes e bispos que perderam a devoção e a piedade. A oração dos fiéis muda a Igreja: não somos nós, os Papas, os bispos, os sacerdotes, as religiosas a levar avante a Igreja… são os santos! E os santos são estes, como esta mulher. Os santos são aqueles que têm a coragem de crer que Deus é o Senhor e que tudo pode fazer”.
Fonte: Rádio Vaticano
Na missa de hoje, dia em que a Igreja celebra a Epifania do Senhor e o dia de Reis, Papa Francisco falou sobre simplicidade, vocação e missão
No dia em que a Igreja celebra a Solenidade da Epifania do Senhor, o Papa Francisco presidiu a Santa Missa na Basílica de São Pedro, reiterando que a “Igreja não pode iludir-se de brilhar com luz própria”, “mas com a de Cristo”. A exemplo dos Reis Magos, somos chamados “a sair dos nossos fechamentos, a sair de nós mesmos, para reconhecermos a luz esplendorosa que ilumina a nossa existência”.
“Cristo é a luz verdadeira, que ilumina – disse o Papa – e a Igreja, na medida em que permanece ancorada n’Ele, na medida em que se deixa iluminar por Ele, consegue iluminar a vida das pessoas e dos povos”. Por isso – explicou – “os Santos Padres reconheciam, na Igreja, o «mysterium lunae»”, isto é, “é como a lua”, que não brilha com luz própria. E como cristãos, “temos necessidade desta luz, que vem do Alto, para corresponder coerentemente à vocação que recebemos”:
“Anunciar o Evangelho de Cristo não é uma opção que podemos fazer entre muitas, nem é uma profissão. Para a Igreja, ser missionária não significa fazer proselitismo; para a Igreja, ser missionária equivale a exprimir a sua própria natureza: isto é, ser iluminada por Deus e refletir a sua luz. este é o seu serviço. Não há outra estrada. A missão é a sua vocação: resplandecer a luz de Cristo é o seu serviço. Quantas pessoas esperam de nós este serviço missionário, porque precisam de Cristo, precisam conhecer o rosto do Pai”.
Francisco explica que os Magos, de que nos fala o Evangelho de Mateus, “são um testemunho vivo de como estão presentes por todo lado as sementes da verdade, pois são dom do Criador que, a todos, chama a reconhecê-Lo como Pai bom e fiel”:
“Os Magos representam as pessoas, dos quatro cantos da terra, que são acolhidas na casa de Deus. Na presença de Jesus, já não há qualquer divisão de raça, língua e cultura: naquele Menino, toda a humanidade encontra a sua unidade. E a Igreja tem o dever de reconhecer e fazer surgir, de forma cada vez mais clara, o desejo de Deus que cada um traz dentro de si”.
Coração inquieto
O Papa observa, que como os Magos, ainda hoje, “há muitas pessoas que vivem com o “coração inquieto”, continuando a questionar-se sem encontrar respostas certas; existe a inquietude do Espírito Santo que se move nos corações. Também elas andam à procura da estrela que indica a estrada para Belém”:
“Quantas estrelas existem no céu! E todavia os Magos seguiram uma diferente, uma nova, que – segundo eles – brilhava muito mais. Longamente perscrutaram o grande livro do céu para encontrar uma resposta às suas questões – tinham o coração inquieto – e, finalmente, a luz aparecera. Aquela estrela mudou-os. Fez-lhes esquecer as ocupações diárias e puseram-se imediatamente a caminho. Deram ouvidos a uma voz que, no íntimo, os impelia a seguir aquela luz – é a voz do Espírito Santo, que trabalha em todas as pessoas -; e esta guiou-os até encontrarem o rei dos judeus numa pobre casa de Belém”.
Pequena luz
A experiência dos Magos é uma lição para nós hoje, afirma o Papa. ”Somos chamados, sobretudo num tempo como o nosso, a procurar os sinais que Deus oferece, cientes de que se requer o nosso esforço para os decifrar e, assim, compreender a vontade divina”:
“Somos desafiados a ir a Belém encontrar o Menino e sua Mãe. Sigamos a luz que Deus nos oferece, pequenina! O hino do breviário poeticamente nos diz que os Magos “lumen requirunt lumine”, aquela pequena luz. A luz que irradia do rosto de Cristo, cheio de misericórdia e fidelidade. E, quando chegarmos junto d’Ele, adoremo-Lo com todo o coração e ofereçamos-Lhe de presente a nossa liberdade, a nossa inteligência, o nosso amor. A verdadeira sabedoria se esconde no rosto deste Menino. É aqui, na simplicidade de Belém, que a vida da Igreja encontra a sua síntese. Aqui está a fonte daquela luz que atrai a si toda a pessoa no mundo e orienta o caminho dos povos pela senda da paz”.
No Ano da Misericórdia, Papa explicou alguns sinais que caracterizam o Ano Santo, como a prática do amor e do perdão
Jéssica Marçal
Da Redação
Papa Francisco durante a catequese de hoje / Foto: Reprodução CTV
Na catequese desta quarta-feira, 16, o Papa Francisco falou de alguns sinais que caracterizam o Ano da Misericórdia: atravessar a Porta Santa, aproximar-se do sacramento da Confissão e amar e perdoar todos.
Francisco destacou que a misericórdia e o perdão não podem ficar reduzidos a belas palavras, devem ser exercidos na vida cotidiana. “Amar e perdoar são os sinais concretos e visíveis de que a fé transformou os nossos corações e nos permite exprimir em nós a própria vida de Deus”.
Este grande sinal da vida cristã, segundo o Papa, se transforma em outros sinais que são característicos do Jubileu, como atravessar a Porta Santa, um sinal de confiança em Jesus que não veio para julgar, mas para salvar. E essa salvação é gratuita, ressaltou Francisco. “A salvação não se paga. A salvação não se compra. A Porta é Jesus, e Jesus é grátis”.
Atravessar a Porta Santa também significa uma verdadeira conversão do coração, disse o Papa. “Não teria muita eficácia o Ano Santo se a porta do nosso coração não deixasse Cristo passar (…) Como a Porta Santa fica aberta, porque é o sinal do acolhimento que o próprio Deus nos reserva, assim também a nossa porta, aquela do coração, esteja sempre escancarada para não excluir ninguém. Nem mesmo aquele que me incomoda, ninguém”.
Confissão
Outro sinal importante do Jubileu da Misericórdia é o sacramento da Confissão. Aproximar-se desse sacramento, disse o Papa, é fazer experiência direta da misericórdia de Deus. “Deus perdoa tudo. Deus nos compreende mesmo nos nossos limites (…) Quando reconhecemos os nossos pecados e pedimos perdão, há festa no Céu: Jesus faz festa”.
O Santo Padre lembrou que tão importante quanto pedir perdão a Deus é saber perdoar, embora essa não seja tarefa fácil. É preciso abrir-se para acolher a misericórdia de Deus para tornar-se capaz de perdão. “Portanto, coragem! Vivamos o Jubileu começando com estes sinais que comportam uma grande força de amor”.
Misericórdia foi o foco da catequese do Papa Francisco nesta quarta-feira, um dia depois da abertura do Ano Santo dedicado ao tema
Jéssica Marçal
Da Redação
Papa quer que, no Ano Santo, todos possam fazer experiência da misericórdia de Deus / Foto: Reprodução CTV
A Igreja católica já vive o Ano da Misericórdia. Nesta quarta-feira, 9, no Vaticano, o tradicional encontro do Papa com os fiéis teve como foco essa temática: na catequese, Papa Francisco explicou o significado desse Ano Santo, destacando o chamado urgente a viver a misericórdia no mundo de hoje.
“Não digo: é bom para a Igreja este momento extraordinário…não, não! Digo: a Igreja precisa desse momento extraordinário”, disse o Papa referindo-se ao Ano da Misericórdia, que começou nesta terça-feira, 8, com a abertura da Porta Santa na Basílica de São Pedro.
Francisco enfatizou o sentido desse Ano Santo: um tempo favorável para contemplar a misericórdia divina que ultrapassa qualquer limite humano. Mas esse período só será realmente favorável se as pessoas escolherem o que agrada a Deus: perdoar seus filhos, usar de misericórdia para com eles para que possam ser misericordiosos para com os outros.
Seja na sociedade, no trabalho e até mesmo na família, a humanidade precisa urgentemente de misericórdia, disse o Santo Padre. Alguns podem até dizer que há problemas mais urgentes para serem resolvidos e Francisco reconhece isso, mas lembrou que na raiz da falta de misericórdia está o amor próprio.
“No mundo, isso toma a forma da busca exclusiva dos próprios interesses, dos prazeres e honras unidos à vontade de acumular riquezas, enquanto na vida dos cristãos se disfarça muitas vezes de hipocrisia e mundanidade. Todas essas coisas são contrárias à misericórdia”.
Por isso mesmo, Francisco destacou a necessidade das pessoas reconhecerem seus pecados para experimentarem a misericórdia de Deus. “É necessário reconhecer ser pecador para reforçar em nós a certeza da misericórdia divina”. E ele ensinou uma oração simples para que se faça isso diariamente: “Senhor, eu sou um pecador, eu sou uma pecadora, venha com a sua misericórdia”.
O Santo Padre disse que seu desejo nesse Ano Santo é que cada um faça experiência da misericórdia divina. Aos olhos do homem, disse, pode até parecer ingênuo pensar que isso possa mudar o mundo, mas aquilo que é fraqueza de Deus é mais forte que o homem.
QUARTA-FEIRA, 2 DE DEZEMBRO DE 2015, 7H36MODIFICADO: QUARTA-FEIRA, 2 DE DEZEMBRO DE 2015, 11H22
Da viagem à África, Papa destacou o testemunho dado por missionários que largam tudo para levar a mensagem de Jesus ao continente
Jéssica Marçal
Da Redação
Francisco durante a catequese desta quarta-feira, 2 / Foto: Reprodução CTV
Na catequese desta quarta-feira, 2, na Praça São Pedro, o Papa Francisco comentou a sua recente viagem à África, realizada de 25 a 30 de novembro. O Santo Padre destacou, em especial, o testemunho dado por tantos missionários que ele encontrou nos países africanos, pessoas que largam tudo para levar a mensagem de Jesus.
Da estadia no Quênia, Francisco recordou seu encontro com líderes cristãos e de outras religiões e com os jovens. “Tive a alegria de levar a palavra de esperança de Jesus”. O Papa citou a tragédia na universidade de Garissa, em que tantos morreram por serem cristãos. O sangue deles, disse, é semente de paz.
A visita a Uganda teve como pano de fundo os 50 anos da canonização dos mártires de Namugongo. O Papa citou como um grande marco da viagem o testemunho dado pelos catequistas, por tantas pessoas que trabalham em obras de caridade e também o testemunho dos jovens, “que apesar das dificuldades protegem o dom da esperança e procuram viver segundo o Evangelho, não segundo o mundo”
Sobre a viagem à República Centro-Africana, Francisco contou que essa foi a sua primeira intenção quando quis visitar a África, devido ao cenário de conflito e violência no país. Por esse sofrimento na região considerada o coração da África, o Papa quis abrir a Porta Santa em Bangui com uma semana de antecedência do Jubileu da Misericórdia, como sinal de esperança para a população.
O Papa contou aos fiéis um fato que o impressionou durante a visita ao continente. Ele encontrou uma religiosa de 81 anos, que desde os 24 estava na África, ou seja, dedicou toda a sua vida à missão de anunciar o Evangelho de Jesus, com a própria vida. Esse é a verdadeira missionariedade, disse.
“Toda uma vida pela vida pela vida dos outros e como essa irmã há tantas irmãs, padres, religiosos que doam suas vidas para anunciar Jesus Cristo. É belo isso. (…) A missionariedade não é fazer proselitismo (…) é testemunho, essa é a grande missionariedade heroica da Igreja, anunciar Jesus Cristo com a própria vida”.
E diante do exemplo desses missionários, o Papa falou aos jovens presentes na Praça São Pedro. “Gostaria de dizer uma palavra aos jovens, mas são poucos porque a natalidade parece um luxo na Europa. Mas me dirijo aos jovens: pensem o que fazem da sua vida, pensem nessa irmã e em tantos como ela que doaram a vida”.
QUARTA-FEIRA, 18 DE NOVEMBRO DE 2015, 13H21
CATEQUESE
Praça São Pedro – Vaticano
Quarta-feira, 18 de novembro de 2015
Boletim da Santa Sé
Tradução: Jéssica Marçal
Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
Com essa reflexão chegamos ao limiar do Jubileu, que está próximo. Diante de nós está a porta, mas não somente a Porta Santa, outra: a grande porta da Misericórdia de Deus – e essa é uma porta bela! – , que acolhe o nosso arrependimento oferecendo a graça do seu perdão. A porta é generosamente aberta, é preciso um pouco de coragem da nossa parte para cruzar o limiar. Cada um de nós tem dentro de si coisas que pesam. Todos somos pecadores! Aproveitemos esse momento que vem e cruzemos o limiar dessa misericórdia de Deus que nunca se cansa de perdoar, nunca se cansa de nos esperar! Ele nos olha, está sempre próximo a nós. Coragem! Entremos por essa porta!
Do Sínodo dos Bispos, que celebramos no mês de outubro passado, todas as famílias, e toda a Igreja, receberam um grande encorajamento para se encontrarem no limiar dessa porta aberta. A Igreja foi encorajada a abrir as suas portas, para sair com o Senhor ao encontro dos filhos e filhas em caminho, às vezes incertos, às vezes perdidos, nestes tempos difíceis. As famílias cristãs, em particular, foram encorajadas a abrir a porta ao Senhor que espera para entrar, levando sua benção e sua amizade. E se a porta da misericórdia de Deus está sempre aberta, também as portas das nossas igrejas, das nossas comunidades, das nossas paróquias, das nossas instituições, das nossas dioceses, devem estar abertas, para que assim todos possam sair e levar essa misericórdia de Deus. O Jubileu significa a grande porta da misericórdia de Deus, mas também as pequenas portas das nossas igrejas abertas para deixar o Senhor entrar – ou tantas vezes sair o Senhor – prisioneiro das nossas estruturas, do nosso egoísmo e de tantas coisas.
O Senhor nunca força a porta: também Ele pede permissão para entrar. O Livro do Apocalipse diz: “Eu estou à porta e bato. Se alguém escuta a minha voz e me abre a porta, eu virei a ele, cearei com ele e ele comigo” (3, 20). Imaginemos o Senhor que bate à porta do nosso coração! E na última grande visão deste Livro do Apocalipse, assim se profetiza da Cidade de Deus: “As suas portas não se fecharão nunca durante o dia”, o que significa para sempre, porque “não haverá mais noite” (21, 25). Há lugares no mundo em que não se fecham as portas com chave, ainda há. Mas há tantos onde as portas blindadas se tornaram normais. Não devemos nos render à ideia de dever aplicar esse sistema a toda a nossa vida, à vida da família, da cidade, da sociedade. E tão menos à vida da Igreja. Seria terrível! Uma Igreja inospitaleira, assim como uma família fechada em si mesma mortifica o Evangelho e seca o mundo. Nada de portas blindadas na Igreja, nada! Tudo aberto!
A gestão simbólica das “portas” – dos limiares, das passagens, das fronteiras – se tornou crucial. A porta deve proteger, certo, mas não rejeitar. A porta não deve ser forçada, ao contrário, se pede permissão, porque a hospitalidade resplandece na liberdade do acolhimento e se escurece na prepotência da invasão. A porta se abre frequentemente para ver se do lado de fora há alguém que espera e, talvez, não tem a coragem, talvez nem mesmo força de bater. Quanta gente perdeu a confiança, não tem a coragem de bater à porta do nosso coração cristão, às portas das nossas igrejas…E estão ali, não têm a coragem, tiramos a confiança delas: por favor, que isso nunca aconteça. A porta diz muitas coisas da casa e também da Igreja. A gestão da porta requer atento discernimento e, ao mesmo tempo, deve inspirar grande confiança. Gostaria de dizer uma palavra de gratidão para todos os guardiões das portas: dos nossos condomínios, das nossas instituições cívicas, das próprias igrejas. Muitas vezes, a atenção e a gentileza da portaria são capazes de oferecer uma imagem de humanidade e de acolhimento a toda a casa, desde a entrada. Há de se aprender com estes homens e mulheres, que são os guardiões dos lugares de encontro e de acolhimento da cidade do homem! A todos vocês, guardiões de tantas portas, seja das casas, seja portas das igrejas, muito obrigado! Mas sempre com um sorriso, sempre mostrando o acolhimento daquela casa, daquela igreja, assim o povo se sente feliz e acolhido naquele lugar.
Na verdade, sabemos bem que nós mesmos somos os guardiões e os servos da Porta de Deus e a porta de Deus como se chama? Jesus! Ele nos ilumina sobre todas as portas da vida, incluindo aquelas do nosso nascimento e da nossa morte. Ele mesmo afirmou isso: “Eu sou a porta: se alguém entra através de mim, será salvo; entrará e sairá e encontrará pastagem” (Jo 10, 9). Jesus é a porta que nos faz entrar e sair. Porque o rebanho de Deus é um abrigo, não é uma prisão! A casa de Deus é um abrigo, não é uma prisão e a porta se chama Jesus! E se a porta está fechada, dizemos: “Senhor, abre a porta!”. Jesus é a porta e nos faz entrar e sair. São os ladrões aqueles que procuram evitar a porta: é curioso, os ladrões procuram sempre entrar por outro lado, pela janela, pelo teto, mas evitam a porta, porque têm intenções más e se infiltram no rebanho para enganar as ovelhas e tirar proveito delas. Nós devemos passar pela porta e ouvir a voz de Jesus: se ouvimos o seu tom de voz, estamos seguros, estamos salvos. Podemos entrar sem medo e sair sem perigo. Nesse belíssimo discurso de Jesus, se fala também do guardião, que tem a tarefa de abrir ao Bom Pastor (cfr Jo 10,2). Se o guardião ouve a voz do Pastor, então abre e faz entrar todas as ovelhas que o Pastor traz, todas, incluindo aquelas perdidas nos bosques, que o bom Pastor foi resgatar. As ovelhas não são escolhidas pelo guardião, pelo secretário paroquial ou pela secretaria da paróquia; as ovelhas são todas enviadas, são escolhidas pelo bom Pastor. O guardião – também ele – obedece à voz do Pastor. Bem, poderíamos bem dizer que nós devemos ser como aquele guardião. A Igreja é a porteira da casa do Senhor, não é a patroa da casa do Senhor.
A Sagrada Família de Nazaré sabe bem o que significa uma porta aberta ou fechada, para quem espera um filho, para quem não tem morada, para quem deve escapar do perigo. As famílias cristãs façam de sua porta de casa um pequeno grande sinal da Porta da misericórdia e do acolhimento de Deus. É justamente assim que a Igreja deverá ser reconhecida, em todo canto da terra: como a guardiã de um Deus que bate, como o acolhimento de um Deus que não te fecha a porta na cara, com a desculpa de que você não é de casa. Com este espírito nos aproximamos do Jubileu: haverá para nós a Porta Santa, mas há a porta da grande misericórdia de Deus! Haja também para nós a porta do nosso coração para receber todos o perdão de Deus e dar, por nossa vez, o nosso perdão, acolhendo todos aqueles que batem à nossa porta.